MINICURSO 01 - ARTE E LITERATURA DE JAIDER ESBELL E VOVÓ BERNALDINA: ARTIVISMO MACUXI PARA UMA EDUCAÇÃO EMANCIPADORA DENTRO E FORA DA ESCOLA
Coordenação:
Dra. Dayana Soares – UFRR
Doutoranda Vanessa Augusta do Nascimento Brandão e Costa, Unesp
Indígenas do povo Macuxi, Jaider Esbell e Vovó Bernaldina José Pedro destacaram-se no cenário nacional levando a cosmologia, arte e cultura de seu povo a ocupar espaços inéditos nos grandes centros. Abriram portas e construíram caminhos de fortalecimento e valorização do pensamento indígena, deixando importante legado a ser preservado e discutido por seu povo. São livros, performances registradas em vídeo, fotografias e telas que contam mais do que histórias, revelam a riqueza pluriversal dos mundos indígenas e suas pistas para um futuro de bem viver para todos e todas. O objetivo-geral deste minicurso é mergulhar na obra de ambos os artistas, apresentando o enlace de suas trajetórias, suas peculiaridades e caminhos escolhidos para levar ao público uma estética artístico literária única no mundo. Como objetivos específicos, apontamos: destacar a presença marcante de Makunaimî nas narrativas estudadas; apresentar textos e imagens que reforçam a identidade cultural de um povo; apresentar o artivismo de Jaider Esbell e Vovó Bernaldina como prática emancipadora e decolonial de educação para o futuro; indicação de material para ser utilizado em sala de aula e ou em produções artísticas para difusão da obra de Jaider Esbell e Vovó Bernaldina. A metodologia utilizada será diversificada e criativa, iniciando com letramento em Jaider e Vovó Bernaldina, a partir da análise de suas obras e vidas, contextualizando seus respectivos trabalhos. Utilizaremos como recursos didáticos textos, vídeos, telas e fotografias sendo trabalhadas em dinâmicas individuais e em grupo.
Bibliografia básica:
Terreiro de Makunaima: Mitos, Lendas e estórias em vivências, de Jaider Esbell (2012); Tardes de agosto, manhãs de setembro, noites de outubro, de Jaider Esbell (2013);
Cantos e Encantos Meriná Eremukon, de Devair Fiorotti e Bernaldina José Pedro (2019).
Bibliografia complementar:
Descolonizando metodologias: pesquisa e povos indígenas, de Linda Tuhiwai Smith (2018);
Eu sou Macuxi e outras histórias, de Julie Dorrico (2019);
Futuro Ancestral, de Ailton Krenak (2022).
MINICURSO 02 - O BORDADO COMO POSSIBILIDADE DE VIVÊNCIA NO ESPAÇO ESCOLAR E DE PESQUISA PARA O EMPODERAMENTO IDENTITÁRIO
Coordenação:
Ivete Souza da Silva - Universidade Federal de Roraima
O contato com a cultura ocidental fez com os povos que aqui viviam fossem submetidos a inúmeros cenários de violência e ridicularização da sua língua, aparência, costumes e tradições. A vivência desta situação a longo prazo levou muitos indígenas à negação e rejeição de sua própria identidade cultural, diante disso acreditamos ser de suma importância gerar reflexões sobre as sociedades indígenas contemporâneas e pensar as relações transculturais na atualidade, considerando suas características mutáveis e volúveis. Dessa forma o minicurso proposto tem com objetivo geral contribuir com possibilidades representativas de narrativas indígenas para a contemporaneidade através do exercício do bordado na pesquisa científica. E como objetivos específicos: a) valorizar a cultura indígena através da criação de narrativas de protagonismo indígena enquanto agentes criadores de sua própria história. b) recontar histórias dos povos através da memória coletiva e individual de cada participante c) apresentar a técnica do bordado como ferramenta possível de ensino-aprendizagem na pesquisa e em sala de aula. Para tanto, o minicurso vai transitar entre conceitos de memória, pesquisa acadêmica e bordado, utilizando como referência básica e complementar Paulo Freire (2021), Jaider Esbell (2019), Ailton Krenak (1992) e Ana Maria Machado (2003). A partir disso, será realizado o exercício da escuta e contação de histórias com os participantes que culminará com a prática de bordar histórias coletivas e pessoais através de palavras e ícones escolhidos durante o exercício, usando agulha e linhas coloridas.
MINICURSO 03 - ALIMENTAÇÃO INDÍGENA: ASPECTOS CULTURAIS, (IN) SEGURANÇA E SOBERANIA ALIMENTAR
Coordenação:
Dra. Luana de Sousa de Oliveira - Instituto Federal do Tocantins-IFTO
A(s) Cozinha (s) Indígena (s) ainda são pouco conhecidas, fala-se no plural, pois cada etnia tem características que lhes são únicas, logo não há uma Cozinha Indígena e sim a Cozinha de cada etnia indígena. Assim há alimentos e modos de preparo únicos, mas também há alguns que são comuns entre determinados grupos. A mandioca, por exemplo, está presente na alimentação de vários grupos indígenas, porém, alguns a usam só para o preparo de comidas e outros já preparam, bebidas podem ou não ser alcoólicas. Para além das comidas, as Cozinhas Indígenas são compostas de elementos culturais imateriais e materiais, ou seja, saberes, os fazeres, os utensílios usados no plantio, coleta, caça, pesca, preparo, transporte, armazenamento e ingestão dos alimentos. Considerando este contexto, o minicurso tem por objetivo: Compartilhar informações sobre a (s) Cozinha (s) Indígena (s) a partir de pesquisas e registros históricos de algumas etnias brasileiras, com foco na etnia Xerente *. Os temas abordados: mandioca (derivados e comidas a base de mandioca), técnicas de preparo, bebidas indígenas e utensílios, todos com abordagem histórico-cultural. Metodologicamente, o mini curso mescla a aula expositiva usando como recursos o data show, caixa de som (para reprodução de imagem e vídeos) e utensílios indígenas, com uma aula prática na qual se demonstra e se prepara algumas comidas indígenas (sugestão: arubé e Kupakubu).
Bibliografia:
AGUIAR, P. Mandioca: pão do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982.
ALBUQUERQUE, M. A mandioca na Amazônia. Belém: Sudam, 1969.;
ALBUQUERQUE, M; CARDOSO, E. M. R. A mandioca no trópico úmido. Brasília: Editerra, 1980.;
LEITE, M. S. Transformação e Persistência: antropologia da alimentação e nutrição em uma sociedade indígena amazônica. / Maurício Soares Leite. – Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007.;
MARANHÃO, R. F. A.; BASTOS, S. R.; MARCHI, M. M. Cultura e sociedade no sistema culinário da mandioca no Brasil. Ciências Sociais e Humanas, v. 28, n. 2, p. 54-68, maio-ago. 2015;
MOTTA, J. S. Mandioca: a raiz do Brasil. In: LODY, R. (org.). Farinha de mandioca: o sabor brasileiro e as receitas da Bahia. São Paulo: Editora Senac, 2013. ;
OLIVEIRA, L. S. Arubé: da tradição à inovação. In: OLIVEIRA, M. A. S. A.; VANZELLA, E.; BRAMBILLA, A. (org.). Processos sociais: sistemas culinários em contexto de ressignificações, comensalidades, processos discursivos e religiosos. João Pessoa: Editora do CCTA, 2019.
ORICO, O. Cozinha amazônica: uma autobiografia do paladar. Belém: Universidade do Pará, 1972. ;
PEREIRA, N. Moronguêtá: um Decameron indígena. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967. v. 1.
PEREIRA, N. Panorama da alimentação indígena: comidas, bebidas & tóxicos na Amazônia brasileira. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1974.;
SOUZA, G. S. Tratado descritivo do Brasil. Rio de Janeiro: Typographia de São João Ignácio da Silva, 1879.;
SILVA, L. J. Documentação de saberes indígenas, v. 4 –. Goiânia: Imprensa Universitária, 2017.;
STADEN, H. Duas viagens ao Brasil: primeiros registros sobre o Brasil. Porto Alegre: L&M Pocket Descobertas, 2010.;
TEMPASS, M.C. A doce cosmologia Mbyá-Guarani: uma etnografia de saberes e sabores. Editora Appris, 2012.
MINICURSO 04 - NARRATIVAS ORAIS INDÍGENAS: PERPECTIVAS DE ANÁLISES
Coordenação:
Ivania Neves - Universidade Federal do Pará
Resumo do Simpósio Temático: Neste minicurso vamos apresentar referencias teórico-metodológico sobre os estudos de oralidade no Brasil, com destaque para as oralidades indígenas. No segundo momento, faremos as análises de algumas narrativas orais sugeridas pelos participantes.
MINICURSO 05 - TEKOCÂMERA, COSMOLOGIAS E TERRITÓRIOS NOS CINEMAS INDÍGENAS
Coordenação:
Cristian Cancino - Programa de Pós Graduação em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (Diversitas – USP)
Há mais de 500 anos os povos indígenas têm resistido ao processo colonial em Abya Yala. A Terra, tratada como recurso pelos exploradores e pelo “povo da mercadoria” (KOPENAWA, 2015), sofre e é extirpada, o que está ocasionando as mudanças climáticas que impactam o planeta como um todo. Neste contexto, os povos originários são guardiões do planeta e têm cada vez mais utilizado as ferramentas audiovisuais e da comunicação para alertar os não indígenas para a iminência da “queda do céu”. Além de ser um assunto mundial e ter inspirado diversas disciplinas, como a antropologia, a química, a climatologia e a filosofia, transversal por entre diversos saberes, as contribuições dos povos ameríndios têm sido cada vez mais consideradas e difundidas nos estudos culturais. Os cinemas indígenas, as obras produzidas nas aldeias, que são um fenômeno recente em parte proporcionado pelo acesso aos meios técnicos enunciativos – o aparelho digital de registro de imagens –, têm chamado a atenção em todo o mundo. Festivais como o Doclisboa, em Portugal, e o Forumdoc.bh, no Brasil, têm exibido e premiado diversas produções realizadas por indígenas em seus territórios. O interesse sobre essa produção é evidente e o cinema renova-se por meio desses filmes, e de instalações, atuações performáticas, pinturas, que apresentam modos narrativos originais e descomprometidos com o que se convencionou por meio da produção audiovisual hegemônica. Este curso busca abordar os cinemas indígenas produzidos recentemente no país, que procuram enunciar sobre modos de vida, territórios de cosmovisões, e representam instrumentos de luta cosmopolítica para a defesa da vida na Terra.
Objetivos gerais:
Compartilhar com a comunidade que busca informações e caminhos para conhecer e se relacionar com as culturas ameríndias imagens e indagações. Interrogar imagens e perceber, atravessando-as, o que falam de nós como corpo coletivo, sociedade, Nação, quando nos atravessam. As imagens que historicamente o cinema brasileiro propagou dos povos indígenas é uma ficção que se repete, está em looping. Este compartilhamento de imagens produzidas pelos povos indígenas nas recentes décadas, que neste curso inclui o visionamento comentado de trechos de filmes, objetiva levar à comunidade acadêmica e interessados em geral visões de mundo originárias, descomprometidas com a lógica de mercado, a fim de visionarmos, nos encontros, filmes que nos revelam cosmovisões que foram sendo apagadas sistematicamente da memória coletiva pelo Estado, seja por meio dos epistemicídios perpetrados às populações indígenas e afro-ameríndias, seja pela reafirmação da hegemonia da indústria cultural.
Objetivos específicos:
- Oferecer uma visão histórica da cinematografia indígena a fim de conhecer filmes e mitologias e entender o lugar que esse cinema ocupa nos dias atuais.
- Ter contato, por meio dos filmes, com as principais demandas dos povos indígenas no Brasil de hoje.
- Compartilhar o conceito de tekocâmera, composto pela palavra Guarani Mbya teko, que significa modo de ser, e câmera, aparelho enunciativo de imagens. Em síntese, uma câmera que representa modos de ser e estar.
- Pensar os cinemas indígenas como instrumentos de luta e difusão de reivindicações e reexistências cosmopolíticas.
- Reafirmar os cinemas produzidos por indígenas como um acontecimento de renovação da linguagem cinematográfica e das artes em geral.
Metodologia:
• Aulas expositivas.
- Projeção comentada de trechos de filmes, imagens e registros.
- Abertura ao debate, dúvidas e considerações, estabelecendo trocas e reflexões coletivas com os participantes.
Recursos didáticos:
- Projeção de textos e imagens que acompanham as aulas expositivas.
- Projeção de trechos de filmes.
- Disponibilização de alguns filmes e da bibliografia em pasta do Google Drive.
Bibliografia básica:
ÁLVARES, Alberto. Da Aldeia ao Cinema: o encontro da imagem com a história (2018). Formação Intercultural de Educadores Indígenas – FIEI. Universidade Federal de Minas Gerais.
CANCINO, Cristian. Uma câmera-flecha, imagens de lutas e cosmopolítica – São Paulo, 2023. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
CAIXETA de Queiroz, Ruben. (2008). Cineastas indígenas e pensamento selvagem. Devires, 5/2, p. 98-125.
KANAYKÕ, Edgar., A cosmologia da imagem. In: Cosmologias da Imagem: cinemas de realização indígena. Coordenação: Daniel Ribeiro Duarte, Roberto Romero, Júnia Torres. 1a Edição – Belo Horizonte, MG: Filmes de Quintal, 2021.
Bibliografia complementar:
BRASIL, André. (2016). Ver por meio do invisível: O cinema como tradução xamânica. Novos Estudos, 35(3), 125-146. doi: 10.25091/s0101-3300201600030007
CARNEIRO DA CUNHA, M. (2007). Relações e dissensões entre saberes tradicionais e saber científico. Revista USP, (75), 76-84. https://doi.org/10.11606/issn.2316- 9036.v0i75p76-84
GELL, Alfred. Arte e agência (1998). São Paulo: Ubu Editora, 2018.
KOPENAWA, D. & ALBERT, B. A Queda do Céu: palavras de um xamã Yanomami (2010). Tradução: Beatriz Perrone-Moisés. 1ª edição – São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2015.
STENGERS, Isabelle. A proposição cosmopolítica. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, [S. l.], n. 69, p. 442-464, 2018. DOI: 10.11606/issn.2316-901X.v0i69p442- 464. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/145663. Acesso em: 13 jan. 2022.
MINICURSO 06 - CONSTRUÇÕES COLABORATIVAS PARA O COMBATE AO MARCO TEMPORAL
Coordenação:
Amarildo Ferreira Júnior - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima (IFRR) e Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Fronteiras da Universidade Federal de Roraima (PPGSOF/UFRR)
Tomada como região de fronteira geopolítica e de expansão do capitalismo, a Amazônia e seus povos originários têm sido sujeitos a um longo processo de colonização e de incorporação e integração, inicialmente ao Estado português, ao qual esteve ligada como uma Colônia distinta do Brasil até o século XVII, e, posteriormente, ao próprio Estado brasileiro. Este minicurso tem como objetivo central discutir a vinculação desse processo com a emergência da tese do chamado “marco temporal das terras indígenas” e seus efeitos sobre os povos indígenas e a preservação ambiental da região. Para isso, adotará como ações didáticas o diálogo e a sistematização de experiências com seus participantes para a elaboração de análise do marco temporal centrada na perspectiva teórico-metodológica do materialismo do simbólico e orientada para o alcance dos seguintes objetivos específicos: a) apresentar uma breve resenha histórica da atuação do Estado na Amazônia e da formação socioeconômica da região; b) realizar uma exegese do marco temporal com destaque ao colonialismo, ao racismo e ao securitarismo como três de seus aspectos fundamentais; e c) refletir sobre as possibilidades de construção colaborativa de instrumento políticos que permitam fazer frente ao assédio securitário da tese do marco temporal. Com isso, espera-se constituir durante o minicurso espaços de co-conceitualização, de coteorização, de encontros epistêmicos e de desenvolvimento consequente e, por isso, conflituoso de relações intersubjetivas que tendem a se desdobrar em in(ter)ferências na realidade histórico-social em relação aos elementos fundantes e às possíveis consequências do manuseio da tese do marco temporal por seus defensores.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BOURDIEU. Pierre. Sobre o Estado. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2019.
JARA HOLLIDAY, Oscar. La sistematización de experiencias: práctica y teoría para otros mundos políticos – 1ed. Bogotá: Centro Internacional de Educación y Desarrollo Humano - CINDE, 2018.
MAUÉS, Raymundo Heraldo. Uma outra “invenção” da Amazônia: religiões, histórias, identidades. Belém: Editora Cejup, 1999.
VALENTE, Rubens. Os fuzis e as flechas: história de sangue e resistência indígena na ditadura. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
AUGUSTO, Acácio; WILKE, Helena. Racionalidade neoliberal e segurança: embates entre democracia securitária e anarquia. In: RAGO, Margareth; PELEGRINI, Mauricio. (Org.). Neoliberalismo, feminismos e contracondutas: perspectivas foucaultianas. 1. ed. São Paulo: Intermeios, 2019. p. 225-245.
COSTA, Tony Leão da; FERREIRA JÚNIOR, Amarildo; GUIMARÃES, Larissa M. de Almeida. A pronúncia dialógica do mundo: coteorizando História Oral e Etnografias Críticas. Revista Wamon, v. 8, n. 1, 2023. p. 11-37.
FERREIRA JÚNIOR, Amarildo. Educação antirracista no lugar Roraimî. In: SARDINHA, Antonio Carlos; SILVA, David Junior de Souza; DINIZ, Raimundo Erundino Santos. (Org.). Ensino de História e Educação em Direitos Humanos: sujeitos, agendas e perspectivas de pesquisas. Macapá: UNIFAP, 2022. p. 180-205.
FERREIRA, Joelson; FELÍCIO, Erahsto. Por terra e território: caminhos da revolução dos povos no Brasil. Prefácio TünyCwe Wazahi Tremembé (Rosa Tremembé). Arataca (BA): Teia dos Povos, 2021
MALHEIRO, Bruno Cezar. Colonialismo Interno e Estado de Exceção: a “emergência” da Amazônia dos Grandes Projetos. Caderno de Geografia, v. 30, n.60, p. 74-98, 2020. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/index.php/geografia/article/view/20906. Acesso em: 28 ago. 2023.
SOUTO, Alanna. Os indígenas na cartografia da América lusitana. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum. v. 12, n. 3, p. 817-837, set.-dez. 2017. Disponível em: . Acesso em: 10 ago. 2022.
MINICURSO 07 - DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS NO CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO
Coordenação:
Sérgio Pessoa Ferro - Universidade Federal do Oeste da Bahia
Lorena Lima Moura Varão (Universidade Federal do Tocantins)
Natasha Karenina de Sousa Rêgo (Universidade Estadual do Piauí)
O presente minicurso tem como objetivo geral possibilitar o aprofundamento do estudo, da pesquisa e do debate sobre os diversos aspectos relativos aos direitos dos povos indígenas no Brasil no contexto pós-Constituição de 1988. Especificamente, objetiva: a) compreender criticamente os impactos da colonização nos modos de vida dos povos indígenas; b) descrever o processo histórico e jurídico de desenvolvimento do indigenismo brasileiro; c) formar lideranças e agentes capazes de compreender as discussões relacionadas aos direitos à identidade cultural, ao território, à autodeterminação, dentro outros aspectos fundamentais; d) desconstruir posicionamentos essencialistas que contribuem para o etnocídio e retirada de direitos dos povos indígenas; e) conhecer a realidade política e jurídica atual dos povos indígenas dos estados do Piauí e da Bahia. Para isso, utilizaremos metodologias participativas a fim de facilitar o diálogo com as cursistas tendo como referência a educação popular de Paulo Freire, bem como teóricos críticos do direito, como Carlos Marés (2005), Deborah Duprat (2002), Ailton Krenak (2015), Eloy Terena (2022), Felipe Tuxá (2017), dentre outros. Ademais, por meio de uma educação jurídica crítica e popular, o minicurso terá como foco a formação de lideranças das comunidades indígenas que participarão do evento.
MINICURSO 08 - EDUCAÇÃO INTERCULTURAL E DE(S)COLONIALIDADE DE GÊNERO NO SERTÃO INDÍGENA
Coordenação:
Eduardo Barbosa Vergolino (IFsertãoPE)
Gabriela M. P. L. Vergolino (UFBA)
Refletir acerca da educação intercultural perpassa a análise de uma lógica colonialista e de uma epistemologia construída através de um cientificismo racionalista que invadiu as terras do atual Brasil. A diversidade cultural e as suas relações no mundo da vida impõem atualmente uma necessidade de compreensão de conhecimentos e realidades para além do universo colonizador. O conhecimento não é compartimentalizado (MEMMI, 1957), mas sim, uma dinâmica de vida viva (KRENAK, 2020) na qual as relações ultrapassam os limites do ego individualista do ser humano capitalista buscando-se caminhos de(s)coloniais do conhecimento e, principalmente de suas relações interpessoais. Na busca por uma interculturalidade na educação, é de se ressaltar as teorias decoloniais que, fundamentadas na geopolítica do conhecimento, sugerem a ruptura radical com o Norte Global no que diz respeito às relações de poder e dominação, privilegiando saberes originários, estruturas sociais específicas, e a desvalorização das epistemologias eurocêntricas, privilegiando saberes comunitários, devendo, necessariamente confluir para um debate sobre a de(s)colonialidade de gênero (LUGONES, 2009), em razão de seu impacto na organização da estruturas de dominação. O objetivo deste minicurso é apresentar a possibilidade de diálogo entre a interculturalidade e a de(s)colonização do conceito de gênero no universo da educação escolar indígena. Como metodologia propomos dois momentos com exposições teóricas e diálogos com relatos de experiência na busca de um processo coletivo de partilha e troca. Os recursos didáticos que subsidiarão o minicurso serão: cartolinas, marcadores de quadro branco de cores diversas, tinta guache, projetor e caixa de som além do material de apoio.
Bibliografia básica:
LUGONES, María. Colonialidade e Gênero. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de. (org.) Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.
Bibliografia complementar.
SEGATO, Rita L. Aníbal Quijano y la Perspectiva de la Colonialidad del Poder. In.: SEGATO, Rita. La Crítica de la Colonialidad en Ocho ensayos y una Antropología por Demanda. Buenos Aires: Prometeo, 2015. p. 35-67.
ESPINOSA, Yuderkys. De por qué es necesario un feminismo descolonial: diferenciación, dominación coconstitutiva de la modernidad occidental y el fin de la política de identidad. Solar, Revista de Filosofía Iberoamericana, Dossier Epistemologías feministas latinoamericanas, 12, n. 1, 2017, pp. 141-171.
MINICURSO 09 - CULTURA E SABERES INDÍGENAS NA SALA DE AULA: ATIVIDADES DIDÁTICAS A PARTIR DO TRABALHO COM GÊNEROS TEXTUAIS NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Coordenação:
Natália Barroncas da Fonseca – UFRR
Elizangela Pedroso da Silva Alves – UFRR
A incorporação da cultura e dos saberes indígenas na educação básica desempenha um papel fundamental na formação dos estudantes, promovendo a valorização da diversidade e o respeito às diferentes formas de ser e estar no mundo. a lei nº 11.645/2008, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas, representa um marco importante nesse sentido. entretanto, uma visão reducionista, que relega os saberes culturais indígenas ao status de exógenos e deficitários, ou ainda uma forma descontextualizada de trabalho com as temáticas indígenas, comprometem diretamente a percepção que os alunos constroem a respeito dos povos originários, e não alcançam a riqueza e a complexidade dessas culturas. com base nessa reflexão propomos um trabalho que aborda as práticas culturais indígenas a partir dos mais variados gêneros textuais, desde mitos e lendas até textos jornalísticos, epistolares, injuntivos consubstanciados em contos, receitas, cartas, manifestos, notícias, dentre outros. o objetivo é produzir e analisar atividades didáticas de leitura e produção de textos numa perspectiva bakhtiniana de discursividade. para tanto, apoiamo-nos em Bakhtin (2010), Serrani (2005), Geraldi (2006), Graúna (2014), Sampaio e Silva (2019), com auxílio também de Brasil (2017) e Marcuschi (2008). o curso terá aulas expositivas dialogadas, momentos de atividades práticas e proposições de socialização entre os participantes, de forma interativa e lúdica, a fim de subsidiar a prática docente dos professores de educação básica da área de linguagens e suas tecnologias. os recursos utilizados serão: projetor, computador, cópias de textos e atividades, e demais materiais de escrita.
MINICURSO 10 - LITERATURA RORAIMENSE NA EDUCAÇÃO BÁSICA: PROPOSTAS DIDÁTICAS DE TRABALHO COM O TEXTO LITERÁRIO
Coordenação:
Cleo Amorim Nascimento – UFRR.
Ivanilde de Lima Barros – UnB/UFRR
Muito do que se lê, ou leria, de literatura nas salas de aula da Educação Básica justifica-se tradicionalmente pelos currículos propostos por secretarias e demais instâncias regulamentadoras da educação e, consequentemente, nos editais dos vestibulares e demais exames, que estipulam livros de literatura como leituras obrigatórias. Embora haja um movimento contrário conquistando espaços, o texto das literaturas não-canônicas permanece sem a devida apreciação estética. Diante dessa visão, propomos atividades didáticas para o trabalho com o texto literário produzido por escritores roraimenses a fim de refletir, fomentar e subsidiar didaticamente a presença da Literatura Roraimense na sala de aula da Educação Básica. Dialogamos nesta proposição de aprendizagem com os postulados de Rancière (2012; 2020), Garcês (2022), Vygotsky (2001), Zilberman (2019), Jouve (2012), complementarmente a Brasil (1997; 2000; 2018), Colomer (2007), Moran/Bacich (2018), Oliveira/Wankler/Souza (2009), Perrone-Moisés (2008), por propormos reflexões e atividades práticas que abordam: educação emancipadora; sócio interacionismo na linguagem; ensino de literatura; documentos norteadores do currículo escolar da Educação Básica; metodologias ativas; Literatura Roraimense. A proposta de trabalho visa produzir, analisar e compartilhar atividades didáticas que trabalhem questões relativas a prazer e fruição, além de competências discursivas, a partir de poemas, contos e romances da Literatura Roraimense. Serão utilizados projetor, notebook, cópias de textos, pincéis atômicos, canetas e blocos de anotações, numa parceria entre comissão organizadora do curso e as proponentes.
MINICURSO 11 - MARCO TEMPORAL E A DESTRUIÇÃO DOS ESPAÇOS DOS POVOS ORIGINÁRIOS
Coordenação:
Prof. Dr. Tácio José Natal Raposo (IGEO/UFRR)
Valexon Lins Oliveira Ambrósio (INSIKIRAN/UFRR)
Joel Valério (PPGSOF/UFRR)
O minicurso tem objetiva relacionar o debate crítico sobre a atuação estatal em relação aos povos originários e as suas terras entendidas como posses de direito congênito. Em específico, abordaremos algumas reflexões, sob o ponto vista da análise espacial e da organização territorial do país, considerando os riscos que ameaçam as Terras Indígenas homologadas em Roraima. Nesse contexto, aponta-se a inconstitucionalidade do PL que propõe um marco temporal baseado na data de publicação da Constituição de 1988, e não na realidade da existência ancestral dos povos que habitavam o território no qual se constituiu o país.
Justificativa:
Mesmo com o avanço do reconhecimento dos direitos dos povos originários na Constituição Federal de 1988, dedicando um capítulo específico aos direitos dos indígenas nos Artigos 231 e 232, inúmeras ilegitimidades tem produzido fraudes causando perda de direitos garantidos em suas terras homologadas. Essa ameaça está estabelecida de forma mais agressiva no Projeto de Lei 490 de 20/03/07, que institui a tese de um Marco Temporal para demarcações de TIs. A recomendação de norma constitui um instrumento jurídico para dificultar, rever e reverter os direitos reconhecidos dos povos originários, pretendendo instruir que novas TIs serão demarcadas somente se os reivindicantes demonstrarem ter sua posse no período da promulgação da CF 1988, ou seja até 5 de outubro de 1988. O tempo histórico é abolido para que se permita a expansão do capital e do capitalismo. Configurando um dispositivo jurídico e político que faz um ataque sem precedentes históricos aos direitos congênitos, ancestrais e espaciais, dos povos originários.
Metodologia:
A partir da exposição dialogada, o curso utilizará de textos críticos e reflexivos conectando analises histórica e espaciais com a realidade de ameaças às Terras Indígenas e seus povos. Desta atividade espera-se qualificar os debates em torno das defesas dos territórios de direito ancestral dos Povos Originários.
Conteúdo Programático:
Os senhores da terra, os colonizadores e a tese do Indigenato
O Indigenato nos textos constitucionais
A tese do Marco Temporal: ignora o tempo histórico e formação do espaço nacional.
Bibliografia
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 15 set. 2022.
MENDES JÚNIOR, J. Os indígenas do Brasil, seus direitos individuais e políticos. In: CUNHA, M. C. da; BARBOSA, S. R. (Orgs.) Direito dos povos indígenas em disputa. São Paulo: Editora Unesp, 2018, p. 319-361.
Raposo, Tácio José Natal. Avanço da urbanização e das práticas capitalistas na Amazônia Setentrional e o caso da cidade de Pacaraima sobre a terra indígena São Marcos - RR / Tese (doutorado)– Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências, Campinas SP, 2022. Acessível em https://www.repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/1259859?guid=1684426425909&returnUrl=%2fresultado%2flistar%3fguid%3d1684426425909%26quantidadePaginas%3d1%26codigoRegistro%3d1259859%231259859&i=1.acesso maio de 2023
RODRIGUES; Arlete Moysés, e RAPOSO; Tácio José Natal. O marco temporal destrói o tempo e o espaço. 2023 Disponível em: https://red.org.br/noticia/marco-temporal-destroi-o-tempo-e-o-espaco/ Consultado em 10/08/2023
BRASIL. Estatuto do Índio, Lei n.º 6.001, de 1973, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6001.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%206.001%2C%20DE%2019,sobre%20o%20Estatuto%20do%20%C3%8Dndio.&text=Art.%201%C2%BA%20Esta%20Lei%20regula,e%20harmoniosamente%2C%20%C3%A0%20comunh%C3%A3o%20nacional. Acesso em: 15 set 2022.
MINICURSO 12 - LITERATURA DE EMERGÊNCIA: VOZES DA AMAZÔNIA E A POTÊNCIA DE INFLUÊNCIA
Coordenação:
Bruno Marcondes Franques - UFRR/EDUCANORTE
Objetivo geral: Apresentar alguns aspectos da literatura, dos livros, da leitura e das narrativas em geral a fim de estimular o hábito da leitura, o aprofundamento crítico e atividades de mediação literária, além de processos de escrita criativa, terapêutica e autobiográfica. Objetivos específicos: Refletir sobre a literatura e sua relação com os povos do campo, das águas e da floresta com destaque à região amazônica; Propor exercícios de escrita criativa, terapêutica e de mediação de leituras; Apresentar as emergências da literatura através das sete hashtags da Literatura de Emergência; Exercitar a reflexão crítica sobre o mundo e a importância da leitura para a compreensão da realidade; Colaborar para a evidenciar a crise contemporânea e o papel da literatura para sua superação; Despertar o interesse pela diversidade de vozes do mundo e do universo literário; Destacar importância da literatura, das narrativas, da contação de histórias, da leitura e escrita para uma educação de qualidade; Estimular a abordagem terapêutica da literatura em suas diversas propostas, técnicas e metodologias; Sensibilizar o público leitor para o reencantamento do mundo real através da magia da literatura; Promover a releitura do passado através da relativização de fontes possibilitando a reescrita do futuro com mais autonomia. Metodologia: Apresentações teóricas e atividades práticas. Recursos didáticos: livros, textos, fotografias, filmes, slides.
Bibliografia básica:
ADORNO, Theodor.; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.
DEALDINA, Selma dos Santos (org.). Mulheres Quilombolas: Territórios de existências negras femininas. São Paulo: Sueli Carneiro: Jandaíra, 2020.
DOWNING, John. Mídia Radical. São Paulo: Senac, 2002
FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler. São Paulo: Cortez, 2005.
GALLIAN, Dante. A Literatura como Remédio. São Paulo: Martin Claret, 2017.
GALLO, Sílvio. Deleuze & a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
HAN, Byung-Chul. A crise da narração. Petrópolis, RJ: Vozes, 2023.
KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A Queda do Céu: Palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Cia das Letras, 2015.
KOTHARI, Ashish, et al. (orgs). Pluriverso: dicionário do pós-desenvolvimento. São Paulo: Elefante, 2021.
KRENAK, Ailton. Ideias para Adiar o Fim do Mundo. São Paulo: Cia Das Letras, 2020.
LOSITO, Lucila. (org.). Mulheres de Terra e Água. São Paulo: Elefante, 2022.
Bibliografia complementar
ALMEIDA, Mariléa de. Devir Quilomba: Antirracismo, afeto e política nas práticas de mulheres quilombolas. São Paulo: Elefante, 2022.
BRIDLE, James. Maneiras de ser: Animais, plantas, máquinas: a busca por uma inteligência planetária. SP: Todavia, 2023.
BRUM, Eliane. Banzeiro Òkòtó: Uma viagem à Amazônia centro do mundo. São Paulo: Cia Letras, 2021.
CHOMSKY, Noam. Mídia: Política propaganda e manipulação. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013.
EVARISTO, Conceição. Becos da Memória. Rio de Janeiro: Pallas, 2017.
FERDINAND, Malcom. Uma Ecologia Decolonial: Pensar a partir do mundo caribenho. SP: Ubu, 2022.
FRANQUES, Bruno Marcondes; MACHADO, Ananda SANTOS, Jesiel Santos dos. Entre caravelas e pandemias: a potência da pedagogia ritual e das narrativas tradicionais no mundo desencantado da necropolítica. Cadernos de Letras UFF, Niterói, v.34, n.66, p.47-71, 1º semestre de 2023. (PDF)
GASPAR, Gabriel R.; OLIVEIRA, Vanessa (orgs.). De bala em prosa: vozes da resistência ao genocídio negro. São Paulo: Elefante, 2021.
GUAJAJARA, Sonia. Educação Indígena. In: MARIANO, A. (org.). Educação contra a Barbárie. São Paulo: Boitempo, 2019.
HOOKS, Bell. Pertencimento: uma cultura do lugar. São Paulo: Elefante, 2022.
LUCIANO, Gersem José dos Santos. Educação para manejo e domesticação do mundo entre a escola ideal e a escola real: os dilemas da educação escolar indígena no Alto Rio Negro. Tese (Doutorado em Antropologia) - Universidade de Brasília, Brasília, 2011.
MACEDO, Maria do Socorro A. N. (Org.). A Função da Literatura na Escola: Resistência, mediação e formação leitora. São Paulo: Parábola, 2021.
MADURO, Otto. Mapas para a festa: Reflexões latino-americanas sobre a crise e o conhecimento. Petrópolis: Vozes, 1994.
MARIANO, Alessandro (org.). Educação contra a Barbárie: Por escolas democráticas e pela liberdade de ensinar. São Paulo: Boitempo, 2019.
MARINOFF, Lou. Mais Platão, menos Prozac: A filosofia aplicada ao cotidiano. Rio de Janeiro: Record, 2001.
MBEMBE, Achille. Necropolítica: Biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. São Paulo: N-1, 2018.
MORIN, Edgar. Conhecimento, Ignorância, Mistério. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil: 2020.
NARBY, Jeremy. A serpente cósmica: o DNA e a origem do saber. Rio de Janeiro: Dantes, 2018.
PAVÓN-CUÉLLAR, David. Além da psicologia indígena: Concepções mesoamericanas da subjetividade. São Paulo: Perspectiva, 2022. (ACERVO PESSOAL)
RIBEIRO, Sidarta. Sonho manifesto: Dez exercícios urgentes de otimismo apocalíptico. São Paulo: Cia das Letras, 2022.
SANTOS, Antônio Bispo dos. A terra dá, a terra quer. São Paulo: Ubu, Piseagrama, 2023a.
SECCHES, Fabiane (org.). Depois do fim: conversas sobre literatura e Antropoceno. São Paulo: Instante, 2022.
SÓLON, Pablo. Alternativas Sistêmicas: Bem Viver, decrescimento, comuns, ecofeminismo, direitos da Mãe Terra e desglobalização. São Paulo: Elefante, 2019.
TAUREPANG (et al.). Makunaimã: O mito através do tempo. São Paulo: Elefante, 2019.
WEIGEL, Valéria. Escolas de branco em malocas de índio. Manaus: Edua, 2000.
MINICURSO 13 - LITERATURA INDÍGENA JUNTO A DISCENTES NÃO INDÍGENAS
Coordenação:
Sineide Albuquerque do Nascimento France - Universidade de Pernambuco
Reflexão sobre a literatura indígena do Povo Macuxi junto à discentes não indígenas matriculados em uma turma de 6°ano, em sintonia com a Lei 11.645/08. Oportunidades estratégias variadas de leitura de acordo com a sequência básica de Cosson(2021)
Palavras-chave : Literatura,Letramento, Povo Macuxi
MINICURSO 14 - COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA: ESTRATÉGIAS PARA O FORTALECIMENTO DA AUTONOMIA INDÍGENA NA AMAZÔNIA
Coordenação:
Adriã Galvão Silva - Universidade Federal de Roraima
O minicurso Comunicação Comunitária: Estratégias para o Fortalecimento da Autonomia Indígena na Amazônia tem como objetivo proporcionar o compartilhamento de experiências a respeito da atividade política praticada pelos povos indígenas na região amazônica a partir de processos comunicacionais audiovisuais. Além de desenvolver um debate sobre as potencialidades de afetação da memória identitária dos povos indígenas presentes no contexto urbano por meio da comunicação popular. A partir da cartografia dos projetos: programa e podcast Kunhantã, que entrevista mulheres indígenas em Roraima, e a Agência Amazônida independente de Comunicação Popular e Produção Cultural Resistir Produções, analisaremos a construção de mecanismos baseados na escuta horizontal e coletiva capazes de contribuir para o entendimento das diferentes existências indígenas, evocando também o reconhecimento das epistemologias e cosmovisões dos povos indígenas presentes nos espaços acadêmicos e midiáticos com o devido comprometimento. No âmbito da comunicação na Amazônia, é urgente a formação de sujeitos encorajados e instruídos para contrapor os discursos homogeinizadores presentes nas mídias hegemônicas, dispostos a compor a artesania comunicacional indígena.
MINICURSO 15 - CENTRO DIGITAL DE EDUCAÇÃO PARA A DIVERSIDADE CULTURAL: MEMÓRIAS, CULTURAS INDÍGENAS E PRÁTICAS INTERCULTURAIS
Coordenação:
Thelma Lima da Cunha Ramos - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia/Campus Salvador
Esta proposta tem como enfoque o fortalecimento e difusão da memória e dos saberes educativos étnico-cultural comunitários da cultura indígena e sua interseccionalidade (AKOTIRENE, 2018) com a cultura brasileira, a partir da criação do Centro Digital de Educação para a Diversidade Étnico-Racial: memórias e saberes educativos étnico-culturais comunitários. Tem como objetivo contribuir para o reconhecimento, valorização e afirmação do direito à diferença na educação para a diversidade étnico cultural através de práticas interdisciplinares, interculturais e decoloniais (WALSH,2009; OLIVEIRA, CANDAU, 2010) contribuindo para a superação da visão eurocêntrica e estereótipos (KAYAPÓ, 2019), o racismo e o preconceito das relações interétnicas no ambiente educacional. Possibilitando o diálogo intercultural nos processos pedagógicos, numa perspectiva problematizadora freireana (FREIRE, 1983) com a finalidade de repensar as metodologias pedagógicas para a implementação da Lei 11.645/2008 que orienta a inclusão e obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileiras e indígenas na educação. A metodologia será desenvolvida com discussões sobre o desafio da inclusão do ensino da temática indígena na sala de aula, através da mediação das redes digitais de informação e comunicação do projeto: Face- https://www.facebook.com/educacaoindigenaepandemia Instagram: https://www.instagram.com/edip.ifba/ Site Kijemi (Centro)Acesso Digital : https://sites.google.com/view/kijemidigital/p%C3%A1gina-inicial
Bibliografia Básica:
OLIVEIRA, Luiz Fernandes de e CANDAU, Vera Maria Ferrão. Pedagogia decolonial e educação antirracista e intercultural no Brasil. Educação em Revista. Belo Horizonte. v.26. n.01. p.15-40. abr. 2010
FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação? 17. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2015.
KAYAPÓ, Edson. A DIVERSIDADE SOCIOCULTURAL DOS POVOS INDÍGENAS NO BRASIL: O QUE A ESCOLA TEM A VER COM ISSO?” IN: Sesc. Departamento Nacional. Culturas indígenas, diversidade e educação / Sesc, Departamento Nacional. – Rio de Janeiro: Sesc, Departamento Nacional, 2019.
WALSH, Catherine. Interculturalidade crítica e pedagogia decolonial: insurgir, re-existir e re-viver. In. CANDAU, V. M. (Org.). Educação intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2009. p. 12-43.
Bibliografia Complementar:
AKOTIRENE, Carla. O que é interseccionalidade? Belo Horizonte: Letramento, 2018.
MINICURSO 16 - SISTEMAS DE JUSTIÇA INDÍGENAS E DIREITO ESTATAL BRASILEIRO
Coordenação:
Márcio Rosa da Silva - Universidade Federal de Roraima
O minicurso tem como objetivo geral descrever sistemas de justiça de povos indígenas brasileiros e analisar como eles se relacionam com a justiça estatal. Por sistema de justiça indígena deve-se entender os mecanismos próprios que cada povo indígena trata seus conflitos e aplicam suas leis internas. No momento histórico em que os povos originários reivindicam seus direitos e autonomia sobre seus territórios, esse tema se reveste de grande importância. A autonomia para aplicar suas próprias leis deveria estar presente em um país pluricultural e pluriétnico, que deve ser também plurijurídico. Os objetivos específicos são: analisar se os poderes públicos reconhecem tais sistemas ou se os invisibilizam. Outro objetivo é o de tentar compreender como cada comunidade se relaciona com seu próprio sistema e com o sistema estatal, se há uma ambivalência, um trânsito entre os sistemas. Por fim, será feita uma revisão da legislação internacional e brasileira a respeito e qual tem sido o posicionamento dos tribunais superiores. Será adotada a metodologia expositiva, com a descrição de casos concretos, análise bibliográfica e da legislação vigente, o que não exclui o diálogo com os presentes sobre suas próprias percepções. Será utilizado datashow para projeção de textos e imagens.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
DAVIS, Shelton H. Antropologia do Direito. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1973.
GEERTZ, Clifford. O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. 14. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
SILVA, Márcio Rosa da. Sistema de justiça indígena: aspectos jurídicos e antropológicos. Belo Horizonte: Fórum, 2022.
SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés. O renascer dos povos indígenas para o direito. Curitiba: Juruá Editora, 2012.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
AUGÉ, Marc. Por uma antropologia dos mundos contemporâneos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.
HABERMAS, Jürgen. A inclusão do outro: estudos de teoria política. Tradução: George Sperber e Paulo Astor Soethe. São Paulo: Edições Loyola, 2002.
KOCH-GRÜNBERG, Theodor. Do Roraima ao Orinoco: v. 1: observações de uma viagem pelo norte do Brasil e pela Venezuela durante os anos de 1911 a 1913.
KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: Palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
NADER, Laura. Law and the frontiers of illegalities. In BENDA-BECKMANN, Franz von; BENDA-BECKMANN, Keebet von; GRIFFITHS, Anne (org.). The power of law in a transnational world: anthropological enquiries. New York: Berghahn Books, 2009.
MINICURSO 17 - BRUJERÍA ENTRE LOS HUICHOLES
Coordenação:
Leobardo Villegas Mariscal - Universidad Autónoma de Zacatecas, México
Este mini curso aborda el tema de la brujería entre los huicholes, grupo indígena de la Sierra Madre Occidental de México. En esa tarea se proporciona especial importancia al trabajo de campo etnográfico, el cual el autor ha realizado por más de 30 años en la sierra de estos indígenas. La idea central es que, entre los huicholes (o wixaritari), muchos acontecimientos de la vida cotidiana se explican en términos del influjo de la brujería: el extravío de un animal en el campo, una sequía, una enfermedad, etc. La brujería siempre tiene un agente propiciador, el cual es siempre un enemigo. Este enemigo puede ser un chamán o mara’akame, o bien alguien que ha contratado sus servicios. La forma de contagiar la brujería es enviando flechas de enfermedad. El chamán, auxiliado por la planta Kieri (toloache) tiene la facultad de mandar estas flechas malignas. Y es así como el afectado tiene que echar mano de las facultades de otro chamán, para nulificar la brujería. Consecuencia: adviene una disputa no solamente entre chamanes, sino entre grupos familiares, lo cual tiene efectos diversos en la vida social.
MINICURSO 18 - POHÃ ÑANA E YUYOS: OS CONHECIMENTOS TRADICIONAIS INDIGENAS ROMPENDO OS ANTOLHOS DO CAPITAL
Coordenação:
Kamila Madureira da Silva - Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
Alexandre Bergamin Vieira - Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
O minicurso traz como objetivo geral, escancarar a lógica capitalista, que nos impõe um conhecimento em que a biodiversidade usualmente definida pelos cientistas, de um conhecimento de domínio exclusivo da ciência, e de laboratórios de empresas multinacionais, conhecimento este, obtido de forma solitária em um não-lugar, um parque nacional ou uma outra área de proteção que não permite a presença humana, incluindo a presença das populações tradicionais. Neste contexto, os objetivos específicos serão, fomentar a valorização do saber tradicional, e de outras formas, igualmente racionais de se perceber a biodiversidade, além daqueles oferecidas pela ciência moderna, é sem dúvida uma resistência a este modelo imposto, visando o fortalecimento do entendimento de que podemos sim fazer parte da natureza, e utilizarmos dela, não como recurso e sim como parte de nós, fato este que as comunidades originárias o fazem de forma única.
Através do uso de bibliografias, traremos a discussão acerca do conhecimento tradicional, o saber e o saber-fazer, que são transmitidos oralmente de geração em geração, fortalecendo a visão de o homem como parte da natureza, e não dissociado, desta, como o capitalismo nos leva a compreender. Utilizaremos material para a parte prática do minicurso (todo material será disponibilizado pelos ministrantes) POHÃ ÑANA E YUYOS (plantas medicinais), explicaremos os usos e funções medicinais de cada uma delas, bem como seu consumo no mate e tereré, projetor, para exibição de imagens e/ou vídeos. Através dos saberes tradicionais nos lembramos que há uma interligação orgânica entre o mundo natural, o sobrenatural e a organização social.
Referências Bibliográficas
BASTA, P.; Sousa, I.; Bevacqua, A.; Benites, A, (orgs.). Pohã Ñana; nãnombarete, tekoha, guarani ha kaiowá arandu rehegua/ Plantas medicinais: fortalecimento, território e memória guarani e kaiowá. Recife: Fiocruz-PE, 2020. Disponível em https://www.cpqam.fiocruz.br/uploads/Arquivos/a6445e13-e434-4e6e-aaa5-1ed724747545.pdf acesso em mai.2023
CABRAL, L.. PO’Ã KA’AGUY – Mbyá: Relatório de Medicina Natural del Pueblo Mby’a Guaraní. Assunção: Editorial Arandurã. 2021
CHELOTTI, M.C.; PESSÔA, V.L.S. Reterritorialização e Identidade Territorial: os camponeses construindo novas territorialidades na fronteira Brasil/Uruguai. Revista Obsrvatorio Geográfico América Latina. Disponivel em http://www.observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal12/Geografiasocioeconomica/Geografiacultural/107.pdf acesso em jul. 2023
DIEGUES, A.C.S. Conhecimento e manejo tradicionais, ciência e biodiversidade. Disponível em https://nupaub.fflch.usp.br/sites/nupaub.fflch.usp.br/files/color/cienciabio.pdf. Acesso em jul.2023
HAESBAERT, R.. Identidades territoriais. In: ROSENDAHL, Z.; CORRÊA, R. L. (Org.) Manifestações da cultura no espaço. Rio de Janeiro: Eduerj, 1999. p. 169-190.
MARTINS, José de Souza. Fronteira: a degradação do outro nos confins do humano. São Paulo: Hucitec, 1997.
PEDROZO, J.S.. Pohã Ñana renda – Plantas Medicinales. Asunción: Ministerio de Educación y Cultura. 2012
RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993.
SANTOS, Milton. O território e o saber local: algumas categorias de análise. In.: Cadernos IPPUR. Rio de Janeiro, ano XIII, nº 2, p.15 – 26, 1999.
MINICURSO 19 - INTELECTUAIS INDÍGENAS, ANCESTRALIDADE E ONTOEPISTEMOLOGIAS PLURAIS: NOVAS PERSPECTIVAS
Coordenação:
Mariana Bruce- Universidade Federal Fluminense/UFF
Alessandra Gonzalez de Carvalho Seixlack – Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ
Embora seja um conceito controverso, o Antropoceno possui relevância ao demarcar uma época de crise de dimensões ambientais, políticas e ontoepistemológicas. Ainda que a iminência da não existência de um mundo em devir nos traga angústias e anseios, esta também é uma oportunidade para pensarmos outros futuros possíveis e os caminhos que já vêm sendo trilhados para alcançá-los. Para tanto, partimos da hipótese de que a imaginação de novas ferramentas conceituais, afetivas e imagéticas pode (e deve) se nutrir de um diálogo cada vez maior com as vozes indígenas, suas performances, políticas de ancestralidade e epistemes experimentadas cotidianamente no calor da vida e das lutas. Nesse sentido, o minicurso tem como objetivo geral apresentar reflexões de intelectuais indígenas que nos possibilitam fugir da cegueira antropocêntrica do mundo moderno e compreender outras formas de fazer mundo, de lidar com o tempo e de pensar o vocabulário político, garantindo assim renovadas perspectiva. O minicurso se valerá da metodologia da História Intelectual e da História Oral para analisar a produção intelectual, oral e escrita, de intelectuais indígenas, cujas práticas de mundo e formas de conhecimento revelam uma trajetória histórica apesar da Europa, que excede as categorias modernas de historicidade e desafia a cultura científica hegemônica. Através do uso de fontes textuais e audiovisuais ,objetiva-se, em diálogo com (e não sobre) as e os intelectuais indígenas, fugir das narrativas de conquista e abrir caminhos para a construção de um cosmos capaz de articular ontoepistemologias plurais, expandindo assim nossos horizontes de vida para além do planeta necrosado pelo homo sapiens.
MINICURSO 20 - MIRANDO SABERES: ANTROPOFAGIA ESTÉTICA NAS ARTES INDÍGENAS CONTEMPORÂNEAS
Coordenação:
Prof. Dr. Theo Machado Fellows (UFAM)
Profa. Dra. Marilina C. O. Bessa Serra Pinto (UFAM).
Desde a invasão portuguesa às terras que hoje constituem o Brasil, a arte criada pelos europeus sempre buscou assimilar em suas obras o indígena, orientando-se, contudo, por um olhar preconceituoso e, condescendente com os povos originários do Brasil. O modernismo brasileiro, com sua proposta de incorporação da antropofagia em seu fazer artístico, representa, neste sentido, uma virada importante ao reconhecer o apagamento das culturas originárias na história da arte brasileira. Contudo, um século após o Manifesto Pau-Brasil de Oswald de Andrade, é possível ver que o reconhecimento modernista não foi acompanhado por um convite ao protagonismo dos povos originários na construção de uma nova arte brasileira. Diante desta constatação, diversos(as) artistas indígenas buscam romper as barreiras impostas pela arte “oficial” e conquistar um espaço historicamente negado aos seus ancestrais. Artistas como Jaider Esbell, Denilson Baniwa, Sueli Maxakali e We´e´ena Tikuna, entre outros, encontram-se hoje entre os mais promissores artistas do país. O mesmo acontece com as formas de manifestações literárias indígenas ao fazerem uso de bens simbólicos como a exposição das narrativas míticas e da originalidade de suas ilustrações gráficas. Como é o caso da produção de Feliciano Lana ao codificar em imagens os aspectos mais relevantes do mito cosmogônico Desana criando assim uma “narrativa gráfica descritiva” que opera o texto por meio da visualidade das imagens, dando forma a um modelo cultural imaginário.
OBJETIVO GERAL:
CRIAR pontes entre os saberes tradicionais que dão origem às obras dos artistas indígenas e o mundo da arte dos brancos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
ESTABELECER diálogo sobre as diferentes visões sobre a arte, possibilitando, desta forma, pensarmos em estéticas que permitam a propagação dos saberes milenares dos povos originários sem a perda de identidade e evitem a transformação desta arte em mercadoria.
INVESTIGAR a diversidade de manifestações gráficas ligadas à oralidade e literalidade na exposição das narrativas míticas.
METODOLOGIA
Exposição oral das principais teses contidas na problemática em questão seguida de debates com o grupo.
RECURSOS DIDÁTICOS:
Excertos de textos retirados da bibliografia básica e slides.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
RIBEIRO, Berta. A mitologia pictórica dos Desâna. In: Lux Vidal (org) Grafismo Indígena-estudos de antropologia estética. São Paulo: Studio Nobel, 2000.
KUMU, Umisín Palõn; KENHÍRI, Tolamãn. Antes o mundo não existia. A mitologia heroica dos índios Desâna. São Paulo: Cultura, 1980.
LAGROU, Els. Arte Indígena no Brasil: Agência, Alteridade e Relação. Belo Horizonte: C/Arte, 2009.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
PINTO, Marilina. Quando se contam histórias sobre a pedra e o papel: notas sobre as epistemes amazônicas. Conferência apresentada no VII EPPAC – Encontro de Políticas Públicas para a Pan-Amazônia e o Caribe. Manaus; São Gabriel da Cachoeira: Universidade Federal do Amazonas/ Instituto Federal do Amazonas, 2023.
MINICURSO 21 - PRESERVANDO MEMÓRIAS E DEFENDENDO DIREITOS: O PAPEL DOS CENTROS DE DOCUMENTAÇÃO PARA OS POVOS INDÍGENAS
Coordenação:
Elionete de Castro Garzoni – UNICAMP /UERR
Carlo Zacquini - Missionário do Instituto Missões Consolata / Centro de Documentação Indígena (CDI),
Francivânia Leocádio da Silva - Indígena do Povo Wapichana, Centro de Documentação Indígena (CDI)
O presente minicurso objetiva tratar da importância dos Centros de Documentação na preservação da memória e na luta pelos direitos dos povos indígenas. Para tanto, como objetivos específicos temos: a) abordagem teórica sobre a importância da memória documental; b) diferença institucional nas formas de acervo (arquivos, bibliotecas, museus e centros de documentação); c) atuação e práxis dos Centros de Documentação, tanto físicos como virtuais (seu papel, estrutura, desafios e oportunidades, quer para pesquisas, quer em seu papel educacional e comunitário); e d) visitação ao Centro de Documentação Indígena (CDI), do Instituto Missões Consolata, localizado no bairro Calungá, em Boa Vista, RR. Sobre os aspectos metodológicos, trataríamos da parte teórica e debates sobre o tema no primeiro dia do minicurso e, no segundo, os participantes fariam uma visitação ao CDI, acompanhada pelo responsável o Ir. Carlo Zacquini, Missionário da Consolata, a fim de conhecer a história, estrutura, acervo e possibilidades de atividades, bem como a relevância do local na luta por direitos dos povos indígenas, em especial em Roraima. O conteúdo teórico será respaldado por publicações acadêmico/científicas, e a visita ao CDI proporcionará aos participantes a vivência e experimentação prática. Com o intuito de bem atender aos participantes, especialmente durante a visitação, o número máximo de inscritos deverá ser de 20 (vinte) pessoas. Juntos, exploraremos como esses centros são faróis de resistência, preservando a memória e contribuindo para a justiça social e o reconhecimento dos povos indígenas.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
MELLO, R. P. S. de. A importância dos arquivos para a garantia dos direitos indígenas. Arquivo e Administração, v. 13, p. 56-69, 2014. Disponível em:. Acesso em: 16.jan.2019.
MELLO, R. P. S. de. O fenômeno informacional indígena e o processo de documentação. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, v. 9, n. 1, p. 93–108, 1 jun. 2018. Disponível em:. Acesso em: 19.fev.2024.
NEVES, R. X. As possibilidades educacionais dos Centros de Documentação e Memória. Dissertação [Mestrado] – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação. Campinas, SP: [s.n.], 2005. Disponível em: . Acesso em: 22.fev.2024.
TANNO, J. L. Centros de documentação e patrimônio documental: direito à informação, à memória e à cidadania. Acervo - Revista do Arquivo Nacional, v. 31, n. 3, p. 88–101, 2018. Disponível em: . Acesso em: 19.fev.2024.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
CUNHA, M. M. L. Centro de Documentação Indígena dos Missionários da Consolata: o processo de construção de um espaço memorial para os povos indígenas de Roraima. Dissertação [Mestrado]. Instituto de Antropologia, Universidade Federal de Roraima. Boa Vista - RR: Universidade Federal de Roraima, 2019.
GARZONI, E. DE C.; FERRER, E. T.; CUNHA, M. M. L. Acervo histórico e pesquisas científicas sobre povos indígenas brasileiros: estudo de caso do Centro de Documentação Indígena (CDI) do Instituto Religioso Missionário da Consolata, Roraima, Brasil. Anais do 3 o Congresso Internacional Povos da América Latina (CIPIAL). Brasília-DF: 2019. Disponível em:
KAMAIURÁ, K.; KAMAYURÁ, M. Arquivo Kamayurá: pesquisa, documentação e transmissão da memória. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 18, n. 1, p. 1-10, 2023. Disponível em: . Acesso em: 19.fev.2024.
MOREIRA, R. L. Brasilianistas, Historiografia e Centros de Documentação. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol. 3, n. 5, 1990, p. 66-74. Disponível em: . Acesso em: 16.jan.2019.
MINICURSO 22 - PARA O CÉU NÃO CAIR: A QUEDA DO CÉU, DE DAVI KOPENAWA, E SUAS REVERBERAÇÕES LITERÁRIAS E ARTÍSTICAS
Coordenação:
Zuldimar Peixoto Mota Júnior - Universidade Federal de Roraima - UFRR
A proposta deste minicurso é apresentar as relações entre a obra A queda do céu, do escritor indígena do povo Yanomami Davi Kopenawa, e a influência em produções literárias e artísticas. Os objetivos específicos são evidenciar a estreita relação desta obra com Urihi - Nossa terra, nossa floresta, dos autores Devair Fiorotti e Jaider Esbell, e reconhecer como a narrativa de Kopenawa se apresenta em manifestações lítero-artísticas, com foco em toadas de Parintins e o enredo Hutukara, apresentado pelo G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro em 2024. As aulas serão ministradas por meio de exposição dialogada no formato de roda de conversa, utilizando-se de vários recursos, do tipo datashow, vídeos, músicas e podcasts, para que alcancemos os objetivos propostos. Este minicurso será dividido em três momentos: o primeiro é a apresentação da obra de Davi Kopenawa; o segundo é a concordância desta obra com a produção literária de Fiorotti e Esbell; e o terceiro momento é a exposição das criações lítero-artísticas parintinenses e carioca. Para tanto, serão utilizadas as obras de Davi Kopenawa (2015), Devair Fiorotti e Jaider Esbell (2017), Viveiros de Castro (2007) e Ailton Krenak (2019), assim como as toadas do Boi Caprichoso Unankiê (1994), Ritual Yanomami (2014), Yanomami, Filhos da Terra (2016), Apocalipse Xamânico (2018) e Hutukara Yanomami (2023) e o livro abre-alas sobre o enredo de 2024 da Escola de Samba Salgueiro. A leitura e a análise das obras revelam o entrelaçamento de vozes presentes, indígenas e não-indígenas, para além do texto.
MINICURSO 23 - DESIGN DE EXPERIÊNCIAS TURÍSTICAS EM COMUNIDADES INDÍGENAS
Coordenação:
Adriana Melo Santos - Universidade Federal da Bahia (UFBA) - Instituto Federal da Bahia (IFBA)
Essa proposta de minicurso se adequa à seção temática número 6: Humanidades digitais, Arquivos, Museus e Diversidade cultural indígena.
Objetivos Específicos:
- Explorar os princípios do Turismo Regenerativo e sua aplicação no design de experiências turísticas.
- Analisar o papel do conhecimento local e das práticas culturais na criação de experiências autênticas e significativas.
- Apresentar estudos de caso e boas práticas de design de experiências turísticas em comunidades indígenas ao redor do mundo.
Metodologia: O mini curso será ministrado de forma expositiva, utilizando apresentações em slides para ilustrar os conceitos teóricos e estudos de caso. Serão realizadas atividades práticas em grupo para promover a discussão e aplicação dos princípios aprendidos.
Recursos Didáticos:
- Apresentações em slides
- Material didático impresso
- Estudos de caso
- Atividades práticas em grupo
Bibliografia Básica:
Akturk, A. (2016). Regenerative Design and Development for a Sustainable Future: Definitions and Tool Evaluation. [s.l.] University of Minnesota.
Capra, F. et al. Ecoalfabetização: preparando o terreno. (2000). Learning in the Real World.
Mang, P; haggard, B. (2016). Regenerative Development and Design: A Framework for Evolving Sustainability. Wiley.
Pine, B. J., & Gilmore, J. H. (1999). A Economia das Experiências. HSM.
Trigo, L. G. G. (2010). A viagem como experiência significativa. In: N. L. Panosso & C. Gaeta (Orgs.). Turismo de experiência. SENAC.
Bibliografia Complementar:
Binkhorst, E. (2005). The Co-creation tourism experience. Sitges: Whitepaper Co-Creations.
Coelho, C. S., & Gosling, M. (2019). Inteligência da Hospitalidade: O Design da Experiência no Turismo e na Hospitalidade. Editora Senac São Paulo.
Gonçalves, E., Guerra, R. (2019). Turismo de saúde e bem-estar como fator de desenvolvimento local: Uma análise das nascentes termais e minerais portuguesas. Pasos - Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 17, 453–472.
Guattari, F. (1991). As Três Ecologias. Papirus Editora.
Krenak, A. (2020). Caminhos para a cultura do Bem Viver. Rio de Janeiro: Escola Parque.
Larsen, S. (2007). Aspectos de uma Psicologia da Experiência do Turista. Scandinavian Journal of Hospitality and Tourism, 7(1), 7-18.
NITRONEWS. (2019). Afinal, o que é Design de Experiência e por que meu negócio precisa dele? Disponível em: https://www.nitronews.com.br/blog/afinal-o-que-e-design-de-experiencia-e-por-que-meu-negocio-precisa-dele/
Ooi, C. S. (2005). Uma teoria das experiências turísticas: a gestão da atenção. In T. O'Dell & P. Billing (Eds.), Experiencescapes: Tourism, Culture and Economy (pp. 51-68). Copenhagen Business School Press.
Pine II, B. J., & Gilmore, J. H. (2011). The experience economy. Uptaded Edition. Boston, Massachusetts: Harvard Business Review Press.
Pine II, B. J., & Gilmore, J. H. (1998, jul-ago.). Welcome to the experience economy. Harvard Business Review, 76(4), 97-105.
MINICURSO 24 - OS DESAFIOS DAS POLITICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS NO ENSINO SUPERIOR: EXPERIÊNCIAS E VIVÊNCIAS NAS UNIVERSIDADES DA AMAZÔNIA BRASILEIRA
Coordenação:
Terezinha do Socorro Lira Pereira - Universidade Federal do Oeste do Pará
O termo ação afirmativa chega ao Brasil carregado de uma diversidade de sentidos, o que em grande parte reflete os debates e experiências históricas dos países em que foram desenvolvidas (MOEHLECKE, 2002, p. 2). No Brasil iniciaram no ano de 2001 as primeiras políticas de ações afirmativas nas universidades públicas brasileiras, inicialmente pensadas para pessoas negras com intuito de rever e de refazer processos históricos de discriminação. Avançando nos processos de democratização e acesso aos níveis de ensino, algumas universidades da Amazônia Brasileira passaram também a adotar políticas afirmativas para indígenas, quilombolas, refugiados, migrantes, pessoas com deficiência, pessoas Trans, além de outros públicos em situação de vulnerabilidade social e econômica, possibilitando o acesso aos cursos de graduação e pós-graduação através de cotas ou de vagas especiais. O minicurso tem como objetivo geral demonstrar o impacto das políticas de ações afirmativas nas universidades federais públicas amazônicas; e específicos: (i) apresentar as políticas de ações afirmativas da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e da Universidade Federal de Roraima (UFRR); (ii) evidenciar em aspectos regionais e locais a contribuição das políticas afirmativas para o acesso e acompanhamento ao ensino superior de grupos sociais. Como metodologia teremos aula expositiva, rodas de conversas e relatos de experiências com utilização de recursos como datashow, quadro e vídeos, visando uma discussão e reflexão sobre desafios das políticas afirmativas e sua contribuição para as minorias socioculturais amazônicas.
MINICURSO 25 - CINEINDÍGENA: DESPERTANDO VOZES COM O SEU CELULAR
Coordenação:
Jama Peres Pereira - Universidade Federal de Roraima
A oficina de roteiro "CineIndígena: Despertando Vozes com o seu Celular" tem como objetivo capacitar jovens indígenas no processo de criação de roteiros e produção de filmes utilizando seus próprios celulares. Através dessa oficina, os participantes terão a oportunidade de expressar suas histórias, perspectivas e cultura por meio da linguagem cinematográfica, fortalecendo assim a identidade indígena e promovendo a valorização de suas vozes.
Objetivo: O objetivo final é incentivar a produção de filmes indígenas autênticos e empoderar os jovens indígenas a se expressarem por meio da linguagem cinematográfica.
MINICURSO 26 - COLONIZAÇÃO E POLÍTICAS INDIGENISTAS: DOS JESUÍTAS AO DIRETÓRIO (1549-1757)
Coordenação:
Fabricio Lyrio Santos - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
Os religiosos da Companhia de Jesus foram os principais agentes mobilizados pela Coroa portuguesa para a conversão dos povos nativos do continente americano ao cristianismo, buscando torná-los seguidores fiéis da religião e vassalos do rei de Portugal. Os povos originários do continente, cuja presença remonta a milhares de anos, controlavam o litoral e o acesso aos recursos naturais cobiçados pelos colonizadores. Apelidados de “índios” e “gentios”, foram vistos como sem religião, inconstantes e bárbaros. O julgamento das culturas indígenas a partir do prisma europeu foi uma das principais características das representações construídas no período colonial como justificativa para a conversão e a catequese, bem como para a guerra e a escravização. Os jesuítas organizaram um complexo sistema de aldeamentos nos quais diferentes grupos indígenas foram reunidos e catequizados, mas também administrados e tutelados, visando obter o direito à liberdade e o acesso à terra. Com o surgimento do Diretório das Povoações Indígenas, a hegemonia jesuítica entrou em declínio e um novo projeto, que se pretendia “civilizatório”, tomou corpo. Em abordagem sucinta e panorâmica, pretende-se percorrer neste minicurso o longo itinerário que separa o desembarque dos primeiros jesuítas no Brasil (1549) à promulgação do Diretório Indígena (1757), passando pelas diferentes políticas indigenistas que constituem os processos de conquista, povoamento e colonização. A metodologia terá como base a aula expositiva dialogada e a discussão de trechos de obras historiográficas e documentos históricos, visado incentivar o debate e o desenvolvimento de pesquisas em torno das questões abordadas no curso.
MINICURSO 27 - MARC DE CIVRIEUX: EL MITO COMO RETO EPISTEMOLÓGICO EN LA CONSTRUCCIÓN DE CONOCIMIENTO HISTÓRICO
Coordenação:
Adriana Del Valle Rodríguez Fuentes - Universidad Experimental de las Artes (UNEARTES)
“Allí donde termina el mito, termina la historia”. Marc de Civrieux (1919-2003), geólogo y estudioso de los pueblos originarios del oriente venezolano, y compilador en “Watunna” de los mitos cosmogónicos de los Yek’uanas, permite cuestionar la tradición historiográfica anclada a la modernidad para replantearnos las formas en que abordamos las problemáticas en torno al conocimiento histórico de nuestros pueblos originarios, y de los pueblos en general. Proponemos una reflexión epistemológica en torno al mito como categoría para la construcción de conocimiento histórico al calor de los cambios de paradigmas, que desde Nuestra América y desde el sur, estamos construyendo. Para tal reflexión proponemos debatir:
¿Qué es la verdad histórica?
Mito y pensamiento simbólico en Marc de Civrieux
Nuevos paradigmas epistemológicos en la construcción de conocimiento histórico.
Bibliografía recomendada:
Cassirer, Ernst (2017) "Filosofía de las formas simbólicas. Tomo II, El Pensamiento mítico. México: Fondo económico de cultura.
Civrieux, Marc (1970) "Watunna. Mitología makiritare. Caracas: Monteávila
Civrieux, Marc (2003) "El hombre silvestre ante la naturaleza". Venezuela: Fondo editorial del Caribe.
Colombres, Adolfo (2005) "Teoría transcultural del arte". Buenos Aires: Ediciones Colihue.
De Sousa, Boaventura (2015) "Una epistemología del sur". Buenos Aires: Siglo XXI ediciones.
Eliade, Mircea (1991) "Mito y realidad". España: Editorial Labor
MINICURSO 28 - PLANTAS MEDICINAIS DA CAATINGA: MÉMORIA INDÍGENA E VIVÊNCIA NO SEMIÁRIDO
Coordenação:
Marinalva Valdevino dos Santos - UFRN/UFCG
O conhecimento ancestral indígena se caracteriza pela perpetuação de conhecimentos pelos mais velhos aos mais novos. Por isso, o conhecimento de plantas para fins medicinais, espirituais e de sobrevivência na Caatinga, é milenar e ancestral de cada povo pertencente a esse território. É importante refletir sobre a preservação da Caatinga enquanto território que também é indígena, ela é nossa floresta e mata sagrada, e contém uma porção de nós e vice-versa. A discussão sobre a degradação ambiental, desmatamento e desertificação da Caatinga deve ser incorporada as mais variadas discussões porque atualmente esse bioma está ameaçado de extinção e está se tornando alvo de empresas multinacionais que estão degradando esse ambiente por meio da exploração para aquisição de “energia limpa”. Tudo que é vivo na natureza tem o direito de ser e existir, mas esse sistema de espoliação quer garantir o desaparecimento de povos, comunidades, e das demais formas de vida. Portanto, a proposta do mini-curso é fazer conhecer algumas plantas da Caatinga, seu potencial medicinal, mas também problematizar os principais problemas sociais que ocorrem na atualidade. Pois, não existe a possibilidade de dialogar com um sistema que não tem o interesse de preservação da natureza, mas é necessário criar pequenas lagoas de resistências por meio da diversidade de saberes e cosmovisões, para assim, fazer nascer estratégias de resistência a destruição da natureza e da natureza humana.
MINICURSO 29 - SABERES TRADICIONAIS E ANCESTRALIDADE INDÍGENA
Coordenação:
Fabrício César da Costa Rodrigues - Universidade Federal do Pará-UFPA
Este estudo busca refletir e analisar criticamente a importância de repensar a educação escolar indígena e sua ancestralidade, buscando contribuir com as discussões alicerçadas na defesa da descolonização como uma alternativa de resistência ao processo colonizatório. Neste escrito, o propósito é elucidar o que foi reprimido mediante a tanta imposições sofridas pela etnocídio cultural no decorrer da sua história por tantos outros povos. Isso nos permite pensar em outra cosmovisão, fundamentada em sua pluralidade, que varia de acordo com o contexto histórico, social e cultural do povo indígena, tendo como referência a Constituição Federal de 1988, bem como com a ratificação da Convenção 169 da OIT. Referimo-nos ao fortalecimento de uma política de empoderamento em sua organização educacional específica. Ou seja, relacionando-a com as questões atuais e dos próprios sujeitos que possam dialogar com uma ‘nova/outra’ forma de pensar a educação indígena, sendo necessário maiores aprofundamentos teóricos para melhor compreendê-la.
MINICURSO 30 - DIREITOS AUTORAIS INDÍGENAS EM DEBATE
Coordenação:
Maria Helena Japiassu Marinho de Macedo – UFPR
Propõe-se, como objetivo geral, oferecer um panorama analítico acerca dos direitos autorais das artes indígenas (tradicional e contemporânea), pois há um debate contemporâneo sobre os direitos autorais das artes indígenas, enquanto se percebe maior participação dos sujeitos indígenas no campo das artes. Entende-se que a garantia de direitos autorais à arte indígena é um direito humano e uma forma de inclusão da diversidade no campo da arte, mas há uma lacuna jurídica e filosófica que dificulta a sua proteção. Busca-se demonstrar como a interpretação sistemática da legislação brasileira, a partir da Constituição Federal de 1988, pode contribuir para a essa proteção, de modo a valorizar a representatividade da diversidade cultural brasileira e o seu patrimônio cultural imaterial, visto que é dever do Estado proteger as manifestações das culturas indígenas, as quais são parte do patrimônio cultural brasileiro (Arts. 215 e 216). Dessa forma, o minicurso pretende, como objetivos específicos, analisar, brevemente, os direitos culturais e autorais, e suas dimensões de direitos humanos; as condições das autorias indígenas, a partir do reconhecimento da capacidade civil plena de seus sujeitos; os locais onde as artes indígenas se apresentam; o aparato normativo e as negociações existentes acerca desses direitos. Como metodologia, propõe-se uma aula de 3h, com exposição de conteúdo, a partir de uma abordagem teórica multidisciplinar, estudo de casos e problematização prática. Privilegia-se, ademais, o olhar de sujeitos indígenas, buscando compreender lugares de fala, permitindo maior legitimidade e abertura a uma multiplicidade ontológica. Como recurso didático, pretende-se utilizar slides e promover o diálogo. Todo o conteúdo didático utilizado será de uso público.
Bibliografia básica:
CUNHA FILHO, F.H Teoria dos direitos culturais: Fundamentos e finalidades. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2018.
DORRICO, J. A literatura indígena contemporânea no Brasil: a autoria individual de identidade coletiva. In: FLIP. 2021. Disponível em: https://flip.org.br/2021/a-literatura-indigena-contemporanea-no-brasil-a-autoria-individual-de-identidade-coletiva/
MUNDURUKU, D. O caráter educativo do movimento indígena brasileiro (1970-1990). São Paulo: Paulinas, 2012.
Bibliografia complementar:
DORRICO, J; DANNER, F; DANNER, L. F. Literatura Indígena Brasileira Contemporânea: Autoria, Autonomia e Ativismo. Dorrico, Julie; Danner, Fernando; Danner, Leno Francisco (Orgs.). Porto Alegre: Editora FI, 2020.
DRUMMOND, V. G. A tutela jurídica das expressões culturais tradicionais. São Paulo: Ed. Almedina, 2017.
JÓFEJ-KAINGANG, L. F. A proteção legal do patrimônio cultural dos Povos Indígenas no Brasil. In: Povos Indígenas e a Lei dos “Brancos”: o direito à diferença. Ana Valéria Araújo et alii (Org.). Brasília: - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional, 2006
TERENA, N. Arte Ativista. In: Revista Zum. Número 19. São Paulo: IMS, 2020 (b).
WACHOWICZ, M; MACEDO, M. H. J. M. A proteção dos direitos autorais da arte indígena contemporânea em uma perspectiva de direitos humanos. In: Anais do XV Congresso de Direito de Autor e Interesse Público. Organizadores: Marcos Wachowicz, José Augusto Fontoura Costa, Sérgio Said Staut Jr e Marcia Carla Pereira Ribeiro. Curitiba: GEDAI Publicações, 2022. Disponível em: Anais-XV-Codaip_2022.pdf (gedai.com.br)
MINICURSO 31 - FORMAÇÃO EM SAÚDE PARA O BEM VIVER INDÍGENA
Coordenação:
Dra. Putira Sacuena, indígena do povo Baré (SESAI MS) - Doutora em Antropologia Forense- UFPA.
Dr. Edson Oliveira (AgSUS MS )- Doutor em Ciências Farmacêuticas (na linha de pesquisa em Saúde Indígena) UnB.
É evidente a necessidade de discutir uma formação em saúde que contemple as necessidades dos contextos indígenas e garantia do Bem Viver. A necessidade de uma abordagem diferenciada nos contextos de formação influencia diretamente na promoção do Bem Viver.
O presente Minicurso objetiva levantar discussões de diretrizes para a formação de profissionais de saúde comprometidos com o Bem Viver. É oportuno que em espaços multiétnicos como o que o V COIMI apresenta, sejam levantadas soluções conjuntas e personalizadas ao contexto de formação.
Espera-se uma escuta especializada dos diversos atores, como também uma abordagem sistemática das necessidades de formação para o contexto indígena.
Este Minicurso será um potente instrumento de levantamento das demandas e diretrizes necessárias para a formação dos profissionais de saúde que atuam na saúde indígena.
MINICURSO 32 - ARQUEOLOGIA E PATRIMÔNIO EM RORAIMA
Coordenação : Francisco de Paula Brito
O que é Arqueologia e e o que é Patrimônio? O interesse pelo passado ao longo da história; A quem interessa a Arqueologia?; A Arqueologia e os povos Originários; Arqueologia e Patrimônio em Roraima: uma discussão.