1MC- PRÁTICA DE PESQUISA HISTÓRICA JUNTO AOS INDÍGENAS A PARTIR DE SUAS ORALIDADES E DO TEMPO PRESENTE: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Tamires Batista Andrade Veloso de Brito, UFCG, Brasil
A partir das memórias orais e escritas e, ainda, fontes bibliográficas, buscamos discutir como ocorreram as mobilizações dos Tupinambá de Olivença no Sul da Bahia pela permanência no território que ocupam e seus desdobramentos: representações identitárias produzidas e ações coletivas de lideranças e caciques, com destaque para o período entre 1920-30, no qual foi atuante um ícone na história dos Tupinambá, o “caboclo” Marcellino José Alves. Assim, consideramos algumas representações do passado no presente vivido pelos Tupinambá de Olivença, apoiados nas memórias e oralidades expressas nas visões sobre como os Encantados, as principais entidades sagradas na cosmologia Tupinambá, sinalizaram para o momento de despertar a “identidade adormecida”. A oralidade traduz marcas de vida e é rica enquanto documento histórico. Neste minicurso, veremos como sua utilização resultou da necessidade de alargar a noção de documento (FEBVRE, 1949). No entanto, há alguns desafios em compreender essa metodologia para a escrita da história (enquanto arte e também ciência) e suas possibilidades, pressupondo normas aplicadas com rigor. A partir da oralidade tomamos conhecimento de acontecimentos como o narrador os vivenciou e interpretou.
2MC- POVOS INDÍGENAS E A LEGISLAÇÃO INDIGENISTA DO PERÍODO COLONIAL: PROCESSOS DE RESISTÊNCIAS E AGENCIAMENTOS ENTRE OS SÉCULOS XVI E XVIII
Lana C. Gomes de Araújo, UFPE, Brasil
Mais do que confusa ou imprecisa, a legislação criada pelos colonizadores para tratar sobre as questões referentes aos povos indígenas na América portuguesa era experimentada de diferentes formas pelos grupos étnicos. Podendo ser também compreendida a partir dos interesses dos sujeitos que integravam os espaços de poder nas capitanias. Apesar da sistematização das leis contendo as diretrizes permitidas ou não, especialmente no que tangia as causas de escravidão indígenas, no cenário dos mandos dos governos locais e dos aldeamentos, elas tomavam outros direcionamentos. Mesmo conhecendo as leis, os religiosos, administradores locais, comerciantes, negociantes, donos de terras, etc. agiam guiados pelos seus próprios interesses ou das instituições ou dos grupos aos quais representavam, em uma tentativa de manutenção de poder. Ponto de pauta da política e da legislação portuguesa, foram criadas instâncias administrativas, como o Tribunal da Junta das Missões (1681) e promulgadas leis como o Regimento das Missões (1686), Lei de liberdade dos índios (1755) e do Diretório dos Índios (1757), a fim de estabelecer a compilação das leis e converter os indígenas tanto para a fé católica quanto a condição de súditos do rei. Todavia, o estudo das fontes históricas tem nos permitido verificar o protagonismo dos homens e mulheres indígenas diante os ditames da Coroa, da Igreja e dos poderes locais. Nesse sentido, essa mesa tem como objetivo discutir os processos de agenciamentos e resistência dos povos originários às legislações da época, com o intuito de perceber as especificidades de cada povo e de cada região.
3MC- A HISTÓRIA CONTADA DO LADO DE CÁ: AS ESTRATÉGIAS DOS XOKÓ DE SERGIPE PELA POSSE DA TERRA INDÍGENA ILHA/CAIÇARA: 1978 – 2003
Ivanilson Martins dos Santos – Xokó, UFAL, Brasil
A proposta deste minicurso é promover algumas reflexões sobre as estratégias de luta dos Xokó pela posse da Terra Indígena Ilha/Caiçara, que fica no município de Porto da Folha, no atual estado de Sergipe. Pesquisas mais recentes sobre os Xokó, relatam um contexto territorial e de nomenclaturas que vão do sul do Ceará ao estado de Sergipe entre os séculos XVII e XVIII. Podemos encontrar nos documentos históricos: Shocó, Chocó, Chocoz, Ciocó ou Ceocose. Hoje grafado como Xokó da Ilha de São Pedro/Caiçara. O objetivo é desenvolver uma narrativa do ponto de vista indígena, o qual já no título expõe uma “história contada do lado de cá”. Nesta perspectiva, é salutar entender as Estratégias/Narrativas dos Xokó pela posse e luta de seu território; as estratégias de visibilidade; articulações o qual demarcam um período de luta com os povos indígenas, pois, as décadas de 1970, é um período de explosão de grandes reivindicações e reafirmações da identidade e da indianidade dos povos indígenas do Nordeste. Esse processo é também etnogênese indígena: os Xokó ressurgem aí. Faremos uma exposição de falas e de algumas notas noticiadas em jornais e revistas da época para entender essas estratégias dos Xokó.
4MC- POVOS INDÍGENAS E INQUISIÇÃO NO BRASIL COLONIAL
Luana Souto Cavalcanti, UFCG
O Santo Oficio ou Inquisição foi um tribunal eclesiástico instituído na idade média durante os séculos XIII e XIV, que tinha por objetivo perseguir, julgar e punir aqueles que se desviavam dos preceitos religiosos da Igreja Católica. Posteriormente tivemos o apogeu da inquisição moderna na Espanha e em Portugal nos séculos XVI, XVII e XVIII, e foi a partir dessa Inquisição moderna que o Brasil sentiu os tentáculos da máquina inquisitorial. No Brasil não houve a instalação propriamente dita de um Tribunal Inquisitorial como ocorreu em Lima (1570), México (1571) e Cartagena (1610) , mas, isso não significou que nessas terras não houve atuação da Inquisição, o Brasil esteve durante todo o período colonial subordinado ao Tribunal de Lisboa, este por sua vez, enviava licenciado/representantes e continha toda uma rede de funcionários do Santo Ofício para atuarem perseguindo aqueles que desviavam dos preceitos católicos, inclusive, os povos indígenas que foram inseridos no universo cristão que também estiveram passiveis de serem punidos pela a Inquisição devido as suas possíveis transgressões, seja elas feitiçaria, blasfêmia, bigamia, sondomia, superstições enfim, qualquer crime/pecado que ofendessem os preceitos religiosos da Igreja Católica. Desta forma, o nosso minicurso, se propõe a buscar uma melhor compreensão de como a Inquisição atuou em relação aos povos indígenas durante o período colonial do Brasil.
5MC- A ESCOLA COMO UM ESPAÇO DE RESISTÊNCIA E PROTAGONISMO SOCIAL: OS DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 11.645/2008
Wania Alexandrino, UFOPA
Pensar a instituição escolar como um espaço de problematização e de contribuição para/no protagonismo social. A escola torna-se um mecanismo de promoção de debates, reflexões e construções de saberes, que atua na luta por equidade de direitos entre os diversos grupos sociais. Assim, temos a escola enquanto espaço cultural e plural onde se faz necessário discutir o respeito à diversidade humana. Nesse sentido, a implementação da Lei 11.645/08, que insere a obrigatoriedade do Ensino de História e Cultura Indígena no currículo escolar objetiva atender uma demanda sócio-histórica das etnias indígenas, que foram negligenciadas ao longo do processo de formação educacional brasileira. No entanto, apesar de uma década da obrigatoriedade das temáticas indígenas nos conteúdos escolares, muitos/as docentes encontram dificuldades ao trabalhar com a temática supracitada. E, esse minicurso compreende a necessidade de abordar as metodologias de ensino que versam sobre a história e cultura indígena, ao mesmo tempo, em que pretendemos debater a importância dessa lei como instrumento de discussão para o fortalecimento e reconhecimento das lutas dos movimentos indígenas e o fortalecimento de uma educação para a alteridade.
6MC- LÍNGUAS INDÍGENAS E HISTÓRIA SOCIAL LINGUÍSTICA DO BRASIL
Pedro Daniel dos Santos Souza, UNEB
Este minicurso tem como objetivo discutir, no âmbito das investigações sobre a história social linguística do Brasil, os contatos linguísticos e as consequências do encontro entre as línguas indígenas brasileiras, nomeadamente ágrafas, e o português – língua de cultura escrita –, dando destaque aos agenciamentos e às estratégias de negociação e de resistência dos povos indígenas frente ao projeto monolíngue do colonizador. Nessa direção, trataremos da emergência, difusão e uso das línguas gerais de base indígena, propondo uma revisão historiográfica da forma como o tema tem sido apresentado, além de refletirmos sobre os glotocídios, o caráter generalizadamente multilíngue da América portuguesa, que, por conta de fatores diversos, se torna localizadamente multilíngue, as políticas linguísticas que contribuíram para as reconfigurações linguísticos dos diversos espaços, os processos de revitalização e retomada linguísticas, também responsáveis pela redefinição do mosaico das línguas faladas no Brasil. Percorrendo os 521 anos de “perdas e ganhos”, também revisitaremos as proposições de Aryon Rodrigues (1966)1 que, ao definir as “Tarefas da linguística no Brasil” e, especificamente, da chamada “linguística pura”, considerou que deveríamos colocar em primeiro lugar a investigação das línguas indígenas, refletindo, nesse ínterim, sobre os desdobramentos dessa posição e os desafios que ainda precisam ser enfrentados.
7MC- USO DE FERRAMENTES DE GOOGLE EARTH E APLICAÇÃO WEB PARA SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS (SIG) E PROJETOS COM OS POVOS INDÍGENAS
Geise de Góes Canalez, NETNO/NESAM/UFAM
A disponibilização das informações espaciais passou por expressivas alterações com o desenvolvimento dos sistemas de inteligência geográfica para internet. Atrelada a isso, cada vez mais é importante que as ferramentas adotadas sejam de fácil acesso, usem plataformas ‘leves’ para acesso em smartphones, tablets e computadores com configuração simples, e que tenham mecanismo de uso intuitivo. Essas facilidades apoiadas na tecnologia oferecida pelos servidores de mapas em que as bases de dados passaram de um público restrito e especializado em técnicas de Geoprocessamento para todos aqueles que possuem acesso à internet, traz uma nova demanda de usuários com habilidades básicas para manipular essas ferramentas. Tais ferramentas tornam-se necessárias para o desenvolvimento de pesquisas voltadas as questões socioambientais e históricas dos Povos Indígenas.
8MC- HISTÓRIA AMBIENTAL E HISTÓRIA INDÍGENA: O SUJEITO INDÍGENA NO COMÉRCIO DO PAU-BRASIL DURANTE A SEGUNDA METADE DO SÉCULO XVI
Éverton Alves Aragão, Mestrando – PPGH/UFCG
O pensamento e a produção historiográfica constantemente reforçam a concepção de um indígena menos evoluído que o europeu, os tratando como meras ferramentas no contexto inicial da presença europeia no “Novo Mundo” e do “Ciclo do Pau-brasil”. As experiências metodológicas não questionam e até recentemente omite, ignora ou relega os índios genéricos a um passado colonial distante – representados como cortadores compulsivos de Pau-brasil nos empreendimentos franceses e portugueses. As experiências vivenciadas pelos indígenas da Mata Atlântica brasileira, constituem-se, portanto, em um desafio para reflexões sobre a compreensão dos processos históricos que resultam nas mobilizações sociopolíticas atuais pelas reivindicações, conquistas e garantias de direitos. É necessário pensar a História Indígenas na perspectiva de História Ambiental, de uma História Conectada, não como sujeitos históricos passivos. Reconhecendo as sociodiversidades indígenas e contribuindo para discussões na perspectiva histórica que evidenciem as relações de poder, o acesso, a utilização e significados do Pau-brasil pelos povos indígenas.
9MC- COSMOLOGIAS INDÍGENAS, ALIMENTAÇÃO E CIRCULAÇÃO DA PRODUÇÃO
Edson Tosta Matarezio Filho (NESAM/ PPGICH/UEA)
Este minicurso tem como finalidade nos aproximarmos de alguns sistemas alimentares indígenas e suas concepções de humanidade. Buscando um ponto de vista etnográfico sobre as experiências indígenas na produção, circulação, processamento, preparo e consumo de alimentos, o curso relaciona todo esse trajeto com concepções de corpo, cosmologia, mitologia, organização social e parentesco, comensalidade, produção indígena para o mercado e geração de renda, segurança, soberania alimentar e agrobiodiversidade. Nesse sentido, proponho uma reflexão que parta de alguns casos das relações com animais, plantas e território entre alguns grupos indígenas, até a apresentação de algumas estratégias para a inserção da produção para o mercado, especialmente das compras públicas. Uma questão fundamental que nos guiará ao longo do curso será: como populações em que o estatuto do humano é compartilhado com certos animais e plantas se relacionam com o consumo e a venda dos produtos de sua roça, caça e pesca?
10MC- REVISITANDO AS PRÁTICAS EDUCATIVAS/CURATIVAS DO POVO POTIGUARA, PARAÍBA BRASIL
Pedro Ka’aguassú Potiguara, UFRN, Brasil
Toda a sabedoria e conhecimento sobre as práticas educativas/curativas do nosso povo Potiguara, Brasil foram repassadas pelos nossos anciãos indígenas, oralmente, de maneira ancestral à nossa cultura, e surte efeitos tão eficientes quanto as ‘ciências’ ditas ‘cientificas ocidentais’, na esfera das melhorias corporais, mentais e espirituais e também no fortalecimento da nossa etnicidade enquanto povo originário. Com o intuito de permitir maior visibilidade aos nossos saberes e fazeres curativos, em pleno bioma de Mata Atlântica, objetivamos nesse minicurso abordar a riqueza de nossos conhecimentos e práticas curativas repassada desde a tenra idade pelos mais velhos com a presença dos nossos encantados. Práticas educativas/curativas reatualizadas em nossas escolas indígenas através de processos pedagógicos dinâmicos e participativos em que as crianças tem contato com a natureza do entorno e passam a compreender a importância, por exemplo das plantas enquanto organismos vivos que são utilizados de diferentes formas para nossas curas do corpo e da alma.